A PANE . O TÚNEL . O CÃO, Friedrich Dürrenmatt

julho 30, 2009

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O cão

“– Então você acredita mesmo que isso que seu pai anuncia é a Verdade? – perguntei.
– É a Verdade – respondeu-me a moça. – Sempre soube que era a Verdade. E foi por isso que o acompanhei neste porão e agora moro aqui com ele. Mas o que eu não sabia era que o cão também viria quando se anunciasse a Verdade.”

“– Você tem que matar o cão – disse ela, ainda no limiar de minha porta, sem poder respirar e com os cabelos soltos, olhos muito arregalados, tão fantasmagórica era sua aparência que não ousei tocá-la.
– Eu sabia que você ainda iria me pedir isso – respondi-lhe – e por isso comprei uma arma. Quando deve ser?
– Já – respondeu baixinho a moça.”

“Quando saltei para o porão e abri a porta com um pontapé, vi a sombra gigantesca do terrível animal fugir pela janela, quebrando as vidraças, enquanto no chão, uma massa esbranquiçada numa poça negra, estava o homem, deitado, tão dilacerado pelo cão que se tornara irreconhecível.”

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