O PERSEGUIDOR
(…) o que queria explicar a mim mesmo é que a distância que vai de Johnny até nós não tem explicação, não se fundamenta em diferenças explicáveis. E acho que ele é o primeiro a pagar as consequências disso, que o afeta tanto quanto a nós. Dá vontade de dizer na mesma hora que Johnny é como um anjo entre os homens, até que uma elementar honradez obriga a engolir a frase, a dar-lhe a volta com formosura e a reconhecer que talvez o que aconteça é Johnny ser um homem entre os anjos, uma realidade entre as irrealidades que somos todos nós. E vai ver, é por isso que Johnny toca meu rosto com os dedos e me faz sentir tão infeliz, tão transparente, tão pouca coisa com minha boa saúde, minha casa, minha mulher, meu prestígio. Meu prestígio, principalmente. Principalmente meu prestígio.
Mas é a mesma coisa de sempre, saí do hospital e assim que pisei na rua, nas horas, em tudo que tenho de fazer, a omelete girou molemente pelo ar e deu a volta. Pobre Johnny, tão fora da realidade. (É assim, é assim. Para mim é mais fácil acreditar que é assim, agora que estou num café e a duas horas depois da minha visita ao hospital, do que tudo que escrevi aí em cima forçando-me feito um condenado a ser pelo menos um pouco decente comigo mesmo.)
junho 21, 2013 às 11:11 pm
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